"Milhões de pessoas sentem pelo menos 15 vezes dor de cabeça ao mes...."
Ao menos durante quinze dias no mês, treze milhões de brasileiros levam a mão à cabeça e fazem caretas de dor. Para ilustrar, esse número representaria a cidade de São Paulo inteira e mais alguns municípios agregados, todos sofrendo de cefaleia crônica diária. Além disso, 70% das mulheres no Brasil têm ao menos uma crise de cefaleia no mês, contra 50% dos homens, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBCE).
Se, na maioria dos casos, um analgésico ou uma boa noite de sono pode resolver, em algumas situações a dor pode sinalizar que algo muito sério está acontecendo, explica o Rubens Gagliardi, neurologista da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
Além disso, dores súbitas acompanhadas de sintomas como desmaios e febre precisam ser investigadas. "Uma dor que a pessoa nunca teve, e que ela considera a mais forte da vida, associada à febre, alteração de consciencia e perda de força podem ser um AVC, um aneurisma ou um tumor", afirma Mario Peres, neurologista do Hospital Albert Einstein e membro da Sociedade Brasileira de Cefaleia, Mario Peres,
Veja abaixo quais são os "motivos inofensivos" e quando é hora de se preocupar com essa dor que incomoda tanto.
- Falta de dormir: o cansaço gerado pela privação de sono comprime os músculos causando a dor de cabeça. Logo, quem tem insônia ou aqueles que têm pouco tempo para dormir, são vítimas frequentes da cefeleia. Para melhorar, só mesmo dormindo mais. "Qualquer alteração na qualidade do sono causa dor de cabeça, seja poucas horas de sono ou doenças como apnéia", explica Mario Peres, neurologista do Hospital Albert Einstein e membro da Sociedade Brasileira de Cefaleia.
- Fome: após muito tempo em jejum, cai o açúcar do sangue o que causa hipoglicemia. "Tem quem acorde durante a madrugada com dor de cabeça porque jantaram muito cedo". A solução é sempre fazer um lanchinho leve antes de ir para a cama.
- Ressaca - pode causar dor de cabeça por conta da desidratação, mas não é motivo para se preocupar. O ideal é prevenir: antes de beber álcool, tomar bastante água e se alimentar bem.
- Estresse - causa descarga de adrenalina, hiperatividade dos neurônios e alteração dos neurotransmissores, o que gera dor de cabeça. Para melhorar tem que se acalmar.
- Exercícios físicos – algumas pessoas apresentam dores de cabeça durante ou depois de se exercitar por conta dos batimentos cardíacos acelerados e hipoglicemia - quando o exercício é demorado e não se repõe a energia perdida. Se a dor for apenas nesses momentos, é indicado procurar um médico porque pode ser um sintoma de um aneurisma.
- Dores decorrentes de processos infecciosos - otite (infecção no ouvido), infecções dentárias e outras infecções específicas do sistema nervoso (meningite) causam dores de cabeça. É necessário investigar o quanto antes.
Leia também: Um exercício para cada tipo de dor de cabeça
- Acidente Vascular Cerebral (AVC) - todo tipo de AVC pode dar dor de cabeça. A dor de cabeça é repentina e muito intensa. É necessário procurar ajuda médica imediatamente.
- Aneurisma e tumores cerebrais – o rompimento de um aneurisma cerebral (alargamento ou inchaço de um vaso sanguíneo) provoca uma dor fortíssima na cabeça. Tumores também podem causar dor de cabeça. É preciso buscar atendimento médico imediatamente.
- Enxaqueca - todas as causas da enxaqueca devem ser analisadas por um neurologista, pois as crises podem ser desencadeadas por cheiros, certos tipos de alimentos, além de outras razões. “Vinho pode dar dor de cabeça em algumas pessoas, assim como o whisky e os queijos, etc. São tipos diferentes de enxaquecas. Normalmente o tratamento é a prevenção das crises”, explica Gagliardi. Dependendo do grau da dor, a pessoa tem um risco maior de sofrer um AVC.
Consultando outra fonte Mitos e Verdades sobre a Dor de Cabeça:
É muito difícil conhecer alguém que não tenha experimentado crises de dor de cabeça durante a vida. Por ser um problema muito comum, existem diversos mitos e crenças populares relacionados às suas causas, manifestações e tratamentos.
“As pessoas relacionam a dor de cabeça com eventos que ocorrem simultaneamente por pura coincidência. Isso pode atrasar o diagnostico e o tratamento da causa real da dor”, afirma o neurologista Leandro Teles.
Para entender o que realmente tem de verdade em meio às crenças populares, convidamos o especialista para analisar alguns comentários comuns sobre o tema.
1- Uso frequente de analgésicos pode agravar o problema.
Verdade. Medicamentos analgésicos comuns são úteis para crises infrequentes ou devidas a uma causa aguda reversível. Pessoas com dores de cabeça crônicas com crises frequentes podem ter seu sintomas piorados com o uso abusivo dessas medicações. Com o tempo a dor passa a responder cada vez menos e tende a retornar logo após o término do efeito do remédio. Considera-se exagerado o uso de analgésicos acima de 2 X por semana.
2- Dores mais fortes são indícios e doença mais grave.
Mito. A intensidade da dor não diz nada sobre sua gravidade. A gravidade depende da causa. Uma crise de enxaqueca intensa pode doer mais que a dor relacionada a um tumor cerebral ou uma meningite. A diferença está nos sintomas associados, no contexto clínico e no exame físico. Por isso é fundamental a avaliação de um médico mesmo para dores mais leves.
3- Quando a pressão arterial aumenta a cabeça dói.
Mito. O aumento da pressão arterial é geralmente silencioso, não causa dor na cabeça. Já o contrário é bem mais provável, a dor de cabeça eleva a pressão arterial, principalmente em pessoas predispostas. É comum as pessoas medirem a pressão com dor de cabeça e ele estar elevada, aí nasce o mito e a confusão. A pressão alta é uma doença geralmente assintomática até que ocorram complicações, por isso é necessário vigilância e controle constante, mesmo sem dor.
4- Dor de cabeça pode ser sinal de fome.
Verdade. Para quem predisposição a enxaqueca e a dor de cabeça tensional o jejum prolongado pode desencadear uma crise. A dica é não passar mais de 6 horas, durante o dia, sem se alimentar.
5- Dor de cabeça pode ser sinal de miopia.
Mito. Muito comum as pessoas associarem dores crônicas de cabeça a problemas de visão. A miopia de modo geral não dá dor de cabeça, menos ainda dores intensas e frequentes. Como são doenças muito comuns (tanto a miopia com as dores de cabeça) é comum a concomitâncias das duas, sem relação causal.
6- Rodelas de batata crua na testa melhoram a dor de cabeça.
Mito. Na verdade o alívio surge da temperatura baixa da batata, e não da batata em si. O frio tem poder analgésico local e reduz o calibre dos vasos sanguíneos aliviando um pouco a dor.
7- Após a menopausa a enxaqueca desaparece.
Mito. Na verdade o que ocorre é a melhora na frequência e intensidade das crises em algumas mulheres, não em todas. Aquelas que mais melhoram após a menopausa são as que têm dores relacionadas estritamente aos períodos perimenstruais.
8- Ficar com o cabelo preso muito tempo pode dar dor de cabeça.
Verdade. Mas isso depende do tipo de cabelo e do tipo de penteado. A tração intensa e contínua, principalmente em cabelos crespos, pode gerar uma dor de leve intensidade na região frontal e no topo da cabeça.
9- Sinusite crônica causa dor de cabeça.
Mito. Esse é o mito mais comum de todos. Na verdade, a sinusite aguda, aquela causada por infecção, pode trazer desconforto facial e eventualmente dor de cabeça (aliado a febre e secreção nasal espessa e amarelada). A rinite e sinusite crônica, de origem geralmente alérgica, não costumam cursar com dor na cabeça. Os sintomas da sinusite alérgica são: coceira no nariz, coriza, obstrução nasal e eventualmente espirros.
10- Alguns alimentos pioram a enxaqueca
Verdade. Isso não ocorre com todos os pacientes, mas uma porcentagem importante refere piora das crises após ingesta de determinados alimentos. Entre os mais citados estão: chocolate ao leite, vinho tinto, queijos amarelos, condimentos e alimentos embutidos. No caso de associação convincente entre a ingestão e as crises de dor o alimento deverá ser evitado.
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